quinta-feira, novembro 4

Após classificação histórica contra o Caxias, Sapucaiense sonha alto

Depois de uma classificação histórica em pleno Centenário, em Caxias do Sul, na terça- feira, - o Sapucaiense venceu por 2 a 1 -, e ficar entre os quatro melhores clubes do Estado a pergunta que fica é: que Sapucaiense é esse?

O principal objetivo da diretoria na Copa da Federação sempre foi clara: manter a porta aberta para sair da crise financeira. Mergulhado em dívidas, a alternativa encontrada era sair delas fazendo futebol o ano todo. O maior medo era virar saco de pancada de todos os outros times, como aconteceu na Segundona deste ano.

Por isso, o presidente Ibanor Catto e o vice Arlênio Silva não mediram esforços e foram para rua bater de porta em porta para conseguir o mínimo para colocar um grupo que honrasse essa camisa que já faz parte da história do futebol gaúcho. O comandante foi escolhido a dedo.

Rodrigo Bandeira já havia passado pela casa em 2008. No ano seguinte, o time que havia sofrido tanto para conseguir o acesso voltou à estaca zero. Dois anos depois, mais maduro e com boas campanhas no Panambi e Riograndense de Santa Maria, o treinador volta ao Arthur Mesquita Dias com a missão de chegar o mais longe possível na Copinha e projetar um time para 2011.

Adversários fortes

O Sapucaiense iniciou a competição no Grupo 1, onde além da dupla Gre-Nal contava ainda com todos os clubes da Série A - Cruzeiro, Porto Alegre e São José. Era quase que unanimidade entre a imprensa e torcedores que o máximo que o rubro-negro conseguiria era chegar em sexto lugar. Mas o time do técnico Rodrigo Bandeira foi além.

Durante três rodadas liderou a chave e despertou curiosidade entre técnicos, jogadores e torcedores. Quem era esse Sapucaiense, que com uma folha salarial que não ultrapassava R$ 20 mil por mês e com todas as dificuldades estruturais conseguia estar na frente do Porto Alegre, São José ou do Grêmio? Mas o Sapucaiense foi chegando ou se alguns preferirem foram deixando o time de Sapucaia do Sul chegar.

Susto na reta final

Quando todos pensavam que o Sapucaiense havia embalado de vez começaram os problemas. Aqueles que todos sabiam que mais cedo ou mais tarde chegariam: lesões e cartões. Diante do São José, na capital, a primeira derrota. Sem a dupla Cirilo e Luís Henrique, considerada uma muralha defensiva, o grupo sentiu. Na volta um empate.

No decorrer do returno os problemas foram se acumulando. O Sapucaiense foi ficando para trás e parecia que voltaria ser o clube do primeiro semestre. Com Evandro e Toto fora de combate e Mauricio, Ícaro, Cirilo, Alan, Felipe Cardoso e Douglas com problemas, o técnico foi ficando sem opções. Segundo ele, era achar uma peça entre um tabuleiro no qual não havia. ‘‘Não adianta lamentar, sabíamos do risco e aceitamos’’, dizia Bandeira. Quando quase todos voltaram - Evandro e Toto permanecem fora - o rubro-negro ressurgiu das cinzas e voltou a brigar pela vaga. Ficou em terceiro na primeira fase, que lhe deu o direito de pegar o Guarany de Bagé. Como não tinha a melhor campanha, precisava fazer um bom jogo em casa para garantir a vaga fora. No primeiro jogo 3 a 1 em Sapucaia e 2 a 2 em Bagé. Assim, garantiu mais um mês de trabalho.

Agora o sonho é mais alto

Com o bom resultado diante do Guarany, o próximo adversário seria o Caxias. Melhor campanha na competição e um dos favoritos a levantar o troféu da Copinha. Em casa um 0 a 0 com gosto amargo e com uma grande preocupação: como vencer um clube que tem toda essa estrutura e excelentes jogadores?

Para muitos, no primeiro confronto, as dimensões do Arthur Mesquitas Dias foram aliadas do Sapucaiense. No Centenário seria um baile para a equipe da Serra. Mas para o técnico e seu preparador físico, Marcel Cardoso, que faz um trabalho quase que individual com cada atleta, a casa do adversário era o palco ideal para mostrar que rubro-negro estava vivo e queria mudar de coadjuvante para papel principal nesta história.

Na viagem, feita logo após o almoço de terça-feira, a delegação foi para Serra cheia de esperança e com uma certeza: traria na bagagem a classificação. Custe o que custar. Foi o que fez. Para quem queria pagar as contas, o objetivo agora é outro. ‘‘Queremos ser campeões’’, deixa claro o vice de futebol Arlênio Silva.

O prato de comida, como fala o capitão Luís Henrique, agora ganhou novos ingrediente. O Cerâmica é a bola da vez. Se o Sapuca passar - o primeiro jogo ocorre no domingo, às 16 horas, no Arthur Mesquita Dias, e o confronto da volta no outro domingo em Gravataí – combinado com uma derrota do Pelotas para o Inter B, já garante o time de Sapucaia na Série D do Brasileiro ou se preferir na Copa do Brasil de 2012. Claro que para essa opção Grêmio e Inter não podem ser os primeiros no Gauchão 2011. No futebol nada é impossível, basta trabalhar e acreditar. Está aí o Sapucaiense mostrando isso.

Fonte: Jornal NH